quinta-feira, 22 de março de 2012

Questão de ética


O seu pai era político
E sua mãe era doméstica.
Ela era filha única
E gostava da Ayurvédica.

O seu nome era Verônica,
Era simples e hermética.
Tinha uma voz metálica,
Era alta e esquelética.

Foi um dia filha pródiga.
Faltava-lhe o osso cúbito.
De gaveta eram suas nádegas,
Mas seu sexo era cúpido.

Casou-se com um homem lúgubre
Que tomava ansiolíticos.
Que era  gago e epilético,
Que só tinha um testículo.

Na frente de um padre bêbado,
No altar da igreja Gótica,
Celebraram a paz num ósculo
De uma forma bem erótica!

Foi então que o padre etílico,
Fez o ato mais patético.
Beijou a boca do cônjuge,
Que era gago e epilético!

Vendo cena tão insólita,
A noiva que  era mórbida,
Partiu pra cima do pároco
E  apertou suas carótidas.

E com o passo meio trôpego
O padre com voz silábica,
Sai de cena feito um bólide
Pra tomar mais uma Vodka.

E a platéia espasmódica
A fingir não ver escândalo,
Só olhava para a abóbada
Da igreja de Santo Ângelo.

Eu não sou poeta  sádico,
Sou apenas um  satírico.
Mas  não quero ser hipócrita,
E brincar com um fato atípico!

Essa história é verídica.
Não é invenção poética.
Discorri de forma límpida
Conservando toda a estética.

Como eu disse é verídica.
Não é invenção poética
Mas eu não contei  na íntegra,
Por uma questão de ética!


SBC-SP-José Alberto Lopes.
11/10/2006

Soneto para um livro






Ao livro que ganhei do Poeta e amigo Avaniel: “Flor de Alfazema



No meu jardim há uma flor a mais,
que desabrocha sempre que se quer.
É azulada e tem nome de mulher,
trazendo versos em seus aromais.

É pouco afeita às brumas da matina,
adora o alpendre do meu descansar,
e no vão dos meus braços sempre estar,
penso e à guisa da minha retina.

Excita-me cada folha sedosa,
que visito eu, “pássaro leitor”
nesses versos que tomei como tema.

É esta flor evocação radiosa,
brochura simples de raro valor,
como o perfume da “flor de alfazema”


José Alberto Lopes-08/11/2007