quarta-feira, 27 de novembro de 2013
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Haicai de José Alberto Lopes
Ah, terra Natal!
a mesma lua e montanhas
nada mais que isso.
Em visita à cidade de Cubatão, onde nasceu, o poeta se entristece ao notar que algumas coisas estavam fora de lugar.
Os bananais de outrora,. quando partira, deram lugar para fábricas. Os riachos, antes piscosos e cristalinos, haviam desaparecidos assim como as verdes e densas brenhas.
Da casa onde nascera, nenhum vestígio, assim como dos amigos de infância.
Somente a majestosa lua e a grande muralha da serra do mar, essas duas, ainda familiares.
JAL.14/11/2013
a mesma lua e montanhas
nada mais que isso.
Em visita à cidade de Cubatão, onde nasceu, o poeta se entristece ao notar que algumas coisas estavam fora de lugar.
Os bananais de outrora,. quando partira, deram lugar para fábricas. Os riachos, antes piscosos e cristalinos, haviam desaparecidos assim como as verdes e densas brenhas.
Da casa onde nascera, nenhum vestígio, assim como dos amigos de infância.
Somente a majestosa lua e a grande muralha da serra do mar, essas duas, ainda familiares.
JAL.14/11/2013
Mais um Natal
Mais um Natal!
Velhas canções
ecoam novamente
na harpa de "Bordon"
Amigos idos.., sumidos..
recordo em cada nota,
em cada compasso,
em cada tom.
As luzinhas chinesas
nas alamedas, varandas...
piscando suas cores
freneticamente,
parecem correr e correr...
como tem corrido o tempo,
pois ontem ainda era Natal
e já é Natal novamente!
Autor-José Alberto Lopes. 31/10/2013
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Minha Velha Calculadora
(Homenagem
ao meu amigo Nelson Vidner)
Aqui está
a verossímil.
Não é
nenhuma científica,
Mas para
os meus pobres cálculos
A eles se
prontifica!
Não são
mais que oito dígitos
E apenas
uma bateria.
Comprada na
(25) vinte e cinco...
Na calçada
da alegria!
Eis a
voraz calculadora
Sempre pronta
pra me enganar.
Com sua
resposta tamanha
Faz o meu
mês se alongar.
De cristal
líquido, me aponta
O que eu
não queria atinar.
Que o meu
líquido é que é menor,
Que as minhas
contas a pagar!
Aqui está
a pobre sem marca
E não sou
eu quem a discrimina!
Afinal,
cavalgadura dada
A dentuça
não se examina!
José
Alberto Lopes
SBC-SP.
11/08/2002
Aquele homem....
(obs; foto internet)
Ah! Aquele
homem
Sisudo,
glacial.
Passou a
vida inteira
Reservando
o melhor vinho
Para
especial ocasião!
Mas, certo
dia a morte,
Essa
víbora insuperável,
Chegou de
súbito e abraçou-o
Num nó
adstringente!
Abandonada
a casa,
Vieram os salteadores
Como corvos
sobre a carne
E se
embriagaram, gole a gole,
Daquele mesmo
vinho
Que reservara
aquele homem!
José
Alberto Lopes
SBC-SP-
01/11/2013
sábado, 26 de outubro de 2013
Quando haviam muito mais picos em Itabira
Já surgia
a manhã, como se fosse o pó
fosforescente de um vagalume esmagado. Os sapos na beira do tanque, solenemente
observavam a fornicação das moscas em pleno voo. Na horta as lagartas
prosperavam e na casa grande o aroma do café novo convidava...
Os pardais aos poucos abandonavam as
galhas camarinhas e em bandos ruidosos
realizavam suas revoadas.
- O MUNDO GIRA
ROLA MUNDO
NO BREJO DAS ALMAS
- TAMBÉM CANTAM AS
RÃS.
O TEMPO PASSA? NÃO
PASSA
UMA HORA E MAIS OUTRA – ESPERA!
O POETA ESCOLHE O SEU
TÚMULO
- MAS NÃO ESCOLHE ONDE
VAI NASCER.
- O MÊS JÁ MORRIA
COMO A - MORTE DO LEITEIRO.
- ERA O DIA 31 (UM
FILHO) O NONO.
RETRATO DE FAMÍLIA...
AMÉRICA – NOTÍCIAS.......
Era 31 de outubro de 1902. – Nascia em Itabira do
Mato dentro, interior de Minas Gerais, o nosso poeta, “A ROSA DO POVO” , Carlos Drummond de Andrade.
Por José Alberto Lopes- SBC-SP.
26/10/2013
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Recordando meu pai - (Unforgettable)
Agora compreendo,
Recordando
meu pai
O seu
rosto fechado
De tantas
repreendas.
Suas palavras
poucas
Transbordavam
lições.
Agora compreendo,
Recordando
meu pai.
Tantas batalhas
cruas,
No sal de
cada dia,
Sol a sol,
o pão tinha
Sabor de
honestidade!
Agora compreendo,
Recordando
meu pai
Aquele rosto
doce, fácil,
A esconder
tristezas...
Agora compreendo
As suas
mãos calejadas,
A sua
fronte sulcada
E os
cabelos nevados.
Hoje ando
na sua idade,
A mesma
que ele tinha
Quando enfim
nos deixou.
Moço ainda,
meu pai!
02/08/2013-SBC.
José Alberto Lopes.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Frases comerciais que ficaram na memória...
Há uma frase bem popular que
diz: “A propaganda é a alma do negócio”
É verdade. De uma forma ou de outra, já fomos ou estamos sendo picados por
esse insistente
insetozinho.
Por isso, uma frase bem elaborada, dentro de uma
Propaganda (Um jingle ou uma frase seca) pode ser a chave mestra para o
sucesso do produto.
Uma frase inteligente, ou mesmo simples, mas massificada, marca
território e deixa indícios
indeléveis em nossas mentes.
Creio que nesse exato momento, algum leitor que por acaso esteja
honrando com sua leitura
este humilde texto, esteja a pelejar a lembrança de alguma frase. Por
curiosidade e num esforço de memória, consegui resgatar
algumas dezenas delas. Muitas marcaram
época. Algumas são regionais, outras, conhecidas nacionalmente, umas
mais antigas, outras
mais recentes e algumas até antológicas.
Procurei cadenciá-las cronologicamente mesmo que de forma empírica, mas
o que vale é o
registro, a lembrança.
1. Casas Pernambucanas onde todos compram.
2. Repórter Esso testemunha ocular da história.
3. Se é Bayer é Bom.
4. Pílulas de vida do doutor Ross. Pequeninas, mas
resolvem.
5. Cera Parquetina por onde passa brilha.
6. Dura lex sed lex no cabelo só Gumex.
7. Beba Coca Cola!
8. Balão no céu perigo na terra!
9. Pente Flamengo – É pra cabeça.
10. Pirani a gigante de São Paulo.
11. Mate Leão. Use e Abuse - já vem queimado.
12. O mundo gira, a lusitana roda.
13. Beber Caracu é beber saúde.
14. Café do Ponto o ponto mais alto em café.
15. Eveready a pilha do Gato.
16. Wolksvagem, o bom senso sobre rodas.
17. Violão é Digiorgio naturalmente.
18. Café Caboclo. Eta cafezinho Bom!
19. Kinnor é melhor.
20. Se a marca é Cica bons produtos indica.
21. Conte com Philips para viver melhor.
22. Pirelli é mais Pneu.
23. Não é assim uma Brastemp!
24. Continental preferência Nacional.
25. Põe na Cônsul!
26. De mulher pra mulher, Marisa.
27. Pilhas Rayovac as amarelinhas.
28. Fogos Caramuru, os únicos que não dão xabu.
29. Quem bebe Grapet repete.
30. Doeu? Passa Gelol que passa.
31. Molas Sweden, nunca Cedem.
32. No mar, na terra ou no ar, Baterias Heliar.
33. Tomou Doril a dor sumiu.
34. Café Haiti, ta fazendo na cozinha, ta cheirando aqui
(Reneu)
35. Do Pinheiro ao livro, uma edição Melhoramentos.
36. Mercedes Benz. Sua Boa estrela em qualquer estrada.
37. Caninha 51- Uma boa ideia.
38. Trol, bom motivo pra ser criança.
39. Você pode confiar na Shell, mora!
40. O primeiro Valisére a gente nunca esquece.
41. Dulcora, a delícia que o paladar adora.
42. Arroz é Brejeiro- Falou Brejeiro, ta falado.
43. Dia sim, dia não- Ultragaz no portão.
44. Tinta é, Coral.
45. Nescau! Gostoso como uma tarde no circo.
46. Tudo anda bem com Bardahl.
47. Bardahl não é uma experiência, é uma certeza.
48. Havaianas-Não deforma, não tem cheiro e não solta as
tiras.
49. Kolynos Ah...
50. Sardinha também tem nome: Gomes da Costa.
51. Viaje bem, viaje Vasp.
52. Eeeeeta, só vou de Lambreta!
53. Cândida, a maioral na limpeza geral.
54. Cera Blume: No assoalho brilha mais com menos trabalho.
55. Nove entre dez estrelas do cinema preferem Lux.
56. No ar, Jato Caravelle da Cruzeiro do sul. A bordo tudo
azul.
57. Carioca vai, carioca vem. Super ponte Real.
58. Só Esso dá a seu carro o máximo.
59. BIC é assim que se escreve.
60. Para brilhar e conservar, só Nugget
61. É cor. É Brasil. É Bamba no pé.
62. Duchas Corona. Um banho de alegria, num mundo de água
quente.
63. Antártica! Sou louco por pipoca e guaraná.
64. Cigarros Chanceler. O fino que satisfaz.
65. Danoninho. Vale por um bifinho.
66. Deu duro? Tome um Dreher.
67. Você imagina. Clic, a Arno faz.
68. Se não for Willys, não é Jeep.
69. :.melhor perguntar no posto Ypiranga.
70. Óleo Maria. “Maria! Sai da lata”.
71. Neocid é de matar! (Na voz do cômico Zé Trindade)
72. Licor Strega. - ...E o espírito da lenda subsiste. Se
ele e ela beberem Strega, jamais se separarão. Strega, um raio de sol
liquefeito!
(Em Benevento, Itália, as bruxas se reuniam sob forma
de formosas donzelas. Lá, elas preparavam um licor, o Strega.---E o espírito da
lenda subsiste.......)
73. O mar é quem dá o sal, e Rodolfo Valentino lhe dá o
melhor sal.
Quem se lembra dos saquinhos de sal “Rodolfo Valentino?”Vinha,
com o rosto do artista estampado com as
características dum dos seus personagens, talvez do filme“O Sheike” impresso num azul quase inexistente. Depois de vazio o saquinho de um kilo, aberto e alinhavado nas bordas,
transformava-se numa espécie de
toalhinha, ou coisa do gênero, onde
ainda, mesmo após algumas lavagens, era possível ver a estampa do
Rodolfo!
74. Quem tem Ford vai à Janda.
75. Quem tem Dodge Vai à Janda.
74. Quem tem Ford vai à Janda.
75. Quem tem Dodge Vai à Janda.
Nota: como
saideira, relaciono aqui algumas lojas que também marcaram com seus nomes bem
pitorescos. É possível que nenhuma delas exista mais.
- Roupa Dada.
- Ao Preço Fixo. (Santos)
- Casa da Sogra. (Santos)
- Ao Barulho da Lapa.
- Bazar da China. (Santos)
- Loja da Bagunça. (Guarulhos)
- Ao Veado d’ouro. (SP)
- Casa da Banha. (RJ. - SP)
Agradeço a colaboração de Kathleen Lessa.
Obs: Se
alguém se lembrar de alguma frase, envie-me. Colocarei no Rol.
Grato.
José Alberto Lopes®
SBC-SP 08/05/2010
sábado, 18 de maio de 2013
Perto e longe
Perto estão os dissolutos
A nos manterem longe dos seus atos.
Longe é o amor que está perto
Quando o ignoramos.
Perto está a morte que nos espreita, nos atormenta
E que julgamos sempre longe.
Longe vai o pensamento
Pra perto de outros lugares.
Perto está a luz do sol,
Longe está a luz dos teus olhos.
Longe, as palavras benditas
Reverberando perto de nós.
Perto ouvimos gritos dissonantes
De quem está longe da integração.
Longe voam os pássaros
Na migração noturna,
Perto de incontáveis estrelas.
Perto te queria agora....
Todavia, longe estás
Perto de outro!
José Alberto Lopes.
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Jóias aos pés
Vejo aquelas florzinhas miúdas
Que medram rente ao chão,
Nas trincas dos muros no asfalto....
Ignoradas, porém, lindas são.
Colhi delas um ramalhete;
Tinha azul, amarelo e branco.
E exalavam também perfumes,
Iguais as florzinhas do campo.
Amigos viram o arranjo
E ficaram admirados.
“Seriam as holandesas
Que por aqui já se tem cultivado?”
Olhei para elas e sorri...
Dizendo em tom claro e alto:
São as que medram nas fissuras,
Das calçadas, muros e asfalto.
José Alberto Lopes®
2006
O trem daquele tempo.
Out. de 2012-11-12
José Alberto Lopes.
Era um vulcão que andava.
Andava ao som da marcha dos seus pistões.
Descia e subia a velha serra do mar
Esvoaçando a sua longa e negra cabeleira.
Lá embaixo, na terra dos Andradas,
Cidades iam medrando do pé da serra
Até onde o mar engolia o céu.
Manhãs prateadas de névoa e o ouro do sol
Aos poucos se impondo com seu brilho.
E era alimentando a fornalha que Faustino
Alimentava em casa, seis bocas .
A negra máquina era também a sua casa.
Lá iam vagões solitários
Seguros mais pelas mãos divinas
Que por seus cabos de aço.
Levavam pessoas indiferentes
Presas também a seus fios, pensando na vida
Ou não querendo pensar.
Talvez pelo fio do medo, o fio da vida.
Por um fio, o fio de cabelo, o cabelo do relógio
(O fio do tempo) de um tempo ido.
Era um vulcão que andava, andava ao som
Da marcha dos seus pistões.
Hoje, um vulcão extinto!
O Cine Cisne
Era uma construção lá do início do século XX. Telhado bem apanhado, terminado com gárgulas fantasmagóricas. Portas altas de carvalho trabalhadas a mão e uma escadaria em granito escuro. O prédio era caiado todos os anos, o que lhe conferia sempre bom aspecto.
Seu Galdino não queria presenciar a demolição daquele prédio, onde funcionou o único cinema da cidade. Ele trabalhara na projeção dos filmes por longos cinquenta anos, mas criou coragem e foi.
Uma platéia circundava a área para assistir o que seria o último e derradeiro espetáculo. Ali seria construído um estacionamento para veículos.
As paredes não resistiram à primeira estocada. Um cheiro de passado que decantado estava, parecia tomar conta do ambiente.
Um filme deve ter passado pela cabeça daquele velho homem, os seus olhos já marejavam. Então, tomado por uma solidariedade silenciosa e também emotiva pus-me a divagar acerca de alguns filmes que ali assistira há muito tempo:
-De quê valeriam agora os gritos de “Tarzan, o filho da selva” a força de “Hércules”, aquela corrida de bigas ganha por “Ben-Hur”, a paciência e perseverança de “Papillon”.. etc..?
Aquilo era a própria “Ascensão e queda do Império Romano”.
Antes que o último tijolo caísse, retornando à origem, seu Galdino deu as costas para aquele estranho show e foi embora. Não, ele não suportaria.
Pois é, quase ninguém se indignou com a demolição de um prédio histórico. Ninguém apupou o seu desaparecimento, mas apupariam com certeza o velho Galdino se nesse momento estivessem eles, numa sessão de cinema e o filme durante a projeção, por infelicidade, enroscasse, como acontecera algumas vezes.
José Alberto Lopes®
Jun. 2011
CONFISSÕES DE MARAPRAIA
Como um louco oceano
Ele invadiu o meu delta
Em algazarras selvagens
Como se um bando Celta.
Depois rasgou os meus diques
E desgrenhou o meu leito,
Quedou-se entre os meus seios
A ouvir célere peito.
Como um louco oceano,
Banhou-me em vagalhões,
Também sentiu o meu sal
Esquecido em meus porões.
E adentrou a minha casa
E bem disse a arquitetura.
Fez-me de dona e escrava
E completou a sua usura!
Por fim exausto deitou-se
Sobre a minha amurada.
Beijou-me e adormecemos,
Como velas arriadas!
E na vazante primeira,
Lá nos baixios das rocas,
Deixou-me furtivamente
Já no amanhecer das docas.···.
2007
A rede e o Amor
Ouça o vento assoviando,
Olha a lua ainda lá,
O mar te acordou cantando,
Não demora clarear.
Pega o vento lá nos breus,
Põe na vela vai pra o mar,
O vento é dado por Deus,
E o peixe tem que pescar.
Joga a rede, vai João!
Joga a rede sem temer,
Mas na hora do arrastão,
Cuidado pra não romper!
Joga a rede e não se queixe,
Não espere amanhecer,
Aproveita que tem peixe,
Amanhã pode não ter.
Ficou na beira da praia,
Lá na areia uma flor,
Mariana Rosa Maia,
Mariinha seu amor.
Pra botar peixe no mar
Alguns dias Deus levou.
Cada peixe deste mar
É o amor que ela jurou.
Pra não ter um dissabor,
Puxa a rede devagar,
Canta e puxa pescador,
Seu amor ta a lhe esperar.
Tanto o amor como uma rede,
Pedem amabilidade,
Pois de linha é feita a rede,
E o amor é de saudade!
Rev . 13/05/2008
Origem. 27/06/2005
segunda-feira, 13 de maio de 2013
O triste fim de Policarpo Quaresma
Era noite ainda quando o velho navio sentiu descochar as suas amarras. Nem a pesada âncora deu conta. Uma grotesca tempestade o arrasta em portentosos vagalhões, arremessando-o à praia.
Amanhece e um gigante monumento de aço com mais de 62 metros de comprimento é o que se vê, ainda aprumado e plantado na areia como se fosse zarpar.
Aquela fortuita coisa, digere logo a atenção de centenas de pessoas que correm para lá, curiosas e espantadas.
Na proa e na popa, lia-se em letras grandes, já quase apagadas, o nome da embarcação: Policarpo Quaresma.
Com a proa apontada para o mar, parecia aflito pedindo ajuda, porém, as inconstantes marolas sequer tocavam a ponta do seu casco. Estava ali na areia, a mesma areia que tantas vezes o viu passar e desaparecer na curvatura do mar.
Sua quilha, peito de águia, comprimida sobre o chão, nunca mais singraria aquelas águas, pois à tarde vieram uns homens com suas marretas, maçaricos e serras e o retalharam como boi no matadouro! Só retiraram intato de suas entranhas, o enorme coração movido a Diesel e seus braços de aço em forma de pás. O restante virou mesmo sucata de segunda.
Foi sem dúvida um triste desfecho para quem durante décadas enfrentara tormentas e madrugadas frias, mas sempre trazendo para o cais, os seus marujos, o seu capitão, além de toda carga. Todos, sãos e salvos.
Penso caro leitor, que poderiam tê-lo de alguma forma, poupado desse vexame. Poderiam relançá-lo ao mar e afundá-lo, como é de costume na maior parte das vezes. Serviria ainda por muito tempo de moradia aos peixes, até que os vermes do mar o consumissem para sempre.
Sim, poderiam dar-lhe um fim honroso, digno das boas embarcações, mas quis o destino talvez, por causa do nome que carregava, imputar-lhe também este triste fim.
Homenagem ao navio originalmente chamado: Carl Hoepcke, um luxuoso navio de passageiros, de origem alemã, na época fundeado em Santa Catarina. Aquele que encantou por décadas os Florianopolitanos, teve a sua trajetória interrompida por causa de um incêndio ocorrido em 27 de setembro de 1956. Depois de uma reforma e transformado em navio cargueiro acabou sendo vendido para uma empresa no norte do país. Passando por vários donos, acabou em Santos, São Paulo, como Navio-Recreio, que ficava fundeado do outro lado, na praia do Góes.
Em 26 de fevereiro de 1971, aconteceu o incidente, vindo encalhar na ponta da praia em Santos, a 100 metros da Avenida Bartolomeu de Gusmão.
Com as inconstâncias do lugar, por causa das marés, hoje é possível ver partes do seu casco que ainda jazem nas escuras areias da ponta da praia.
domingo, 12 de maio de 2013
Certos jardins
Há certos jardins
Que é preciso reviver.
Rever canteiros de flores,
Os bancos marcados pelo tempo
Onde se sentavam sonhos
E eram bons os sonhos.
Pisar as calçadas
E andar pelas alamedas de hortênsias.
Rever a árvore grande e anosa
Marcada a canivete.
Rever então os entalhes profundos,
O meu nome e o dela,
E dois corações que pulsavam.
Saudades...
JAL- SBC- SP.
12/05/2013
segunda-feira, 15 de abril de 2013
A SERRA
Agora te
vejo inteira, desnuda!
O noroeste
varreu a cerração.
O! Muralha
azulescente que beira o céu,
Que beija
as nuvens pervagantes.
Os automóveis
serpenteiam a tua arquitetura.
De dia, são carreiras de formigas,
À noite, são
graciosos pirilampos
Em chusmas
ordenadas cortando o breu.
O Atlântico
te espia saudoso e distante.
De lá vem
essa brisa solfejando coisas, segredos...
Como o mar,
também me afastei de ti.
Foi em
teus artelhos que nasci!
Talvez um dia,
quem sabe o mar retorne
Para afagar,
intensa e definitivamente
A tua
majestosa geografia!
Ah! Esse
penacho de fogo inconstante
Que fulgura
em teu contraforte,
É luz
votiva por certo velando por ti!
O! saudosa
e querida serra
Onde as
manhãs gorjeiam
Desde as
copas inalcançáveis
Até os abismos
recamados de flores.
És impávido
colosso, e eu apenas,
Frágil e
efêmero como as cigarras
Que vibram
as suas palhetas
Desde o
cariçuma de verão!
Por isso,
com a certeza de uma flecha Tupi,
Sei que
quando enfim eu tomar
A minha
estrada derradeira,
Tu ainda
permanecerás
Colossal,
exuberante e altaneira
Como se, a
união de pirâmides e catedrais,
Por eternos
e eternos séculos!
Teu clima
inconstante
É como a
minha alma!
O sol se
vai e a neblina
Arrebata-te
novamente.
Chegou como
sempre sorrateira
E vai
estendendo lentamente
A sua gaze
leve e úmida
Sobre a
tua pele de flúor e flores.
Sobre a
tua sinfonia de águas e ventos,
De insetos,
animais, aves e coisas do mato...
Parto!
Não como
um navegador
Que cruza
revoltos oceanos,
Ou o cosmo
desconhecido,o deserto...
Nenhuma odisseia
se avista! Não!
Apenas retorno
à minha outra serrania,
Feita de
aço e concreto,
Concretamente
ruidosa e exasperante!
Levo um
pouco do teu hálito.
Deixo-te
umas efêmeras lembranças,
Minhas pegadas...
Levo um pouco
da tua energia recriadora,
Muita saudade
e uma flor de manacá.
O mar
deixou em teus socavões
Pequenas conchas,
priscas eras...
Eu, num
suspiro deixo-te também
Humildes,
mas profundos afagos em versos,
Um poema frágil.....
Quem sabe
um dia, quem há de saber?
Zanzalá ecoe
em teus vales
E esse tom
de paz que encontro em ti
Possa finalmente
ser rizoma de lírio do brejo.
E seremos
todos; Tucas e Zéfiros.
E Schmidt
descerá então triunfante
Flutuando sobre
páginas de um livro em branco!
Nota:
Cariçuma = “O romper da manhã sobre a
serra, no dialeto das Rãs” (Afonso Schmidt)
José
Alberto Lopes.
15/04/2013-SBC.
SP
Assinar:
Postagens (Atom)