sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Estou Assim



Estou  assim:
Tenho três gatos
Uma janela que dá para a rua
E uma velha escrivaninha.

Estou lendo “Pessoa e Hilst”
Gosto de ler ou escrever
Bem de madrugada
Porque há o silêncio!
E o silêncio
Amplifica certos sons.
Assim posso entender
O que diz o vento, a chuva,
As estrelas!
Ouço até o farfalhar de asas noturnas..

Queres saber o que diz
O vento, a chuva e as estrelas?
Fique em silêncio contigo mesmo,
No silêncio da madrugada!


De José Alberto Lopes - jan 2017


Quando faz Sol



Ao sol a pino
Minha sombra é apenas
Um ponto no chão.
Mas à tardinha é uma flecha
Apontando para o leste!

Lá naquelas bandas
Ficou para sempre
A minha amada!
E até hoje a sua lembrança
Me mortifica.
Por isso:
Não saio à tardinha
Quando faz sol!



De José Alberto Lopes - jan 2017

Quem me dera II














Foto Google



Quem me dera que eu fosse
Uma canoa de tronco.
Levando e trazendo peixes
Gente e coisas.....
Dormir  ao relento, como dormem
As canoas, sem nenhum drama
E envelhecer bem devagar...
Como envelhecem as canoas.

E quando um dia, sem mais serventia
Morrer aos poucos, emborcada
Na beira do rio
E ainda servir de brinquedo
Às crianças ribeirinhas.
Até ser esquecida de vez
E me reintegrar ao chão da mata
De onde um dia saí.


Poema de  José Alberto Lopes - jan 2017

Quem me dera I

            
            Quem me dera que eu fosse
            O barro do oleiro
            E que humildes pés
            Me estivessem pisando
            E me transformassem em telhas
            Adobes, jarros....

 Fosse as telhas que protegem
 As paredes que resguardam
 Fosse os jarros que saciam.

Sei que nem meu próprio pó
           Terá alguma serventia.
Mas, se pelo menos o que escrevo
Se der humildemente em um décimo
Do barro do oleiro,
Já valeu a intenção do poeta!


De José Alberto Lopes - jan 2017


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

A Rã da Bromélia



A rã da bromélia
nasce e vive ali.
Nenhuma lagoa,
que por mais bela e grande seja,
atrai a rã da bromélia!

Minha aldeia é pequena,
três ou quatro ruas...
Aqui nasci e vivo,
e vivo a escrever coisas sobre ela!

Minha aldeia em sendo pequena é grande!
grande por que me basta
assim como a bromélia
basta à rãzinha!
Minha aldeia, é minha bromélia!



Alberto Lobo de Campos-heterônimo de José Alberto Lopes®

nov-16

Talvez Tardiamente



A vida é breve, rápida
Mas os passos na velhice
Não são como na juventude!
São lentos, imprecisos.
Talvez como se pudessem retardar,
Inconscientemente,
Ainda que tardiamente,
O tempo que resta a passar!


De José Alberto Lopes®
Jan. 2017


SERENO



Minha fronte pesa
Como uma rocha erguida.
Meus olhos são como
óculos embaçados
minhas mãos e pernas
são como varas ao vento!

Sonhei esses versos
E espero que quando
Escrevê-los de fato,
Eu esteja sereno.
Sereno como uma rocha
na paisagem
Sereno como a névoa
Que flutua..
Sereno como o bambu
Na tempestade!


De José Alçberto lopes®
Jan. 2017



A JANELA



Que invenção mais poética
Poderia um arquiteto?
É por ela, a janela,
Que vejo a chuva, a lua, a rua
As coisas passando
O céu, o véu, o horizonte
O jardim de fronte!
Por onde entra o perfume
A brisa, os sons dos pássaros..
Bem, passaria um dia inteiro a falar
Sobre o que vejo da minha janela,
Mas, há pouco ou quase nada a dizer
Sobre as janelas duma prisão
Ou de uma janela de quem
Se aprisiona a si próprio!


de José Alberto Lopes®

Jan. 2017