sexta-feira, 16 de junho de 2017

Zanzalá O Poema


















Vou partir pra Zanzalá
No vento da madrugada!
Fica depois de acolá
Desta muralha azulada!

Vou embora para lá
Porque aqui já não me cabe.
Quero a flor do manacá,
Quero o mangue de azinhavre!

Nessa terra Zamiresca
Quero viver poetizando
Lá tem sombra e água fresca
E uma rede balançando.

Lá numa Pira incansável
Brilha grande evocação.
Pai Sumé, esse honorável
O fogo dá a distinção!

Ensinou a agricultura,
A fé, a arte e o amor!
Pra que o homem co’estrutura
Alcançasse seu primor.

Vou partir pra Zanzalá
No vento da madrugada
Vou-me embora para lá
Com a alma escancarada!

Lá, portas ficam às largas
Pois o medo é coisa finda.
Há paz em todas as plagas,
Serra abaixo, serra acima!

Lá terei meus camaradas
D’arte, da literatura...
E os sons das madrugadas
Sinfonia de abertura...

Terei morada e uma cama.
Onde amarei com ternura
Uma donzela Serrana,
Fruto da minha ventura!



De José Alberto Lopes. Maio de 2017


Baseado em leitura do livro ZANZALÁ do escritor Cubatense AFONSO SCHMIDT.
Escrito em 1928 e publicado pelo Clube do Livro em 1949.
                Zamiresca – A junção das palavras Za e Mir que em Russo quer dizer: pela paz.
               Afonso Schmidt criou a palavra Zamiresca, no sentido : um lugar de paz, terra de paz.




3 Poemas de Junho

Olhai os Livros do Campo

Olhai os livros do campo.
Não foram escritos por homens
Nem são de papéis feitos
Mas carregam sábias páginas abertas.
Olhai os livros do campo.
Atentai e apreciai essa obra
Dividida em quatro belos Tomos
E aprendereis de fato
O que para vós será primordial
Para outras aprendizagens...
É vero, é veríssimo!
Olhai os livros do campo
E liberto sereis, como os lírios do campo!

Jun. 2017

  
Às vezes penso

As vezes penso
Que as estrelas lá em cima
São vaga-lumes
E os vaga-lumes aqui em baixo
São estrelas.
Ora! Deixai eu pensar assim
Pelo menos terei o privilégio
De ter estrelas ao alcance
Das minhas mãos.

Jun. 2017


Apenas um poeta

Sou um poeta que transita
Pelas bordas de cadernos usados.
O meu lugar e o meu tempo
É onde o meu pensamento estiver.
A sombra de uma árvore
Pode ser a minha janela
Ou a beira de um riacho
Pode ser um banco de jardim...
Assim sou imprevisível.
Tudo isso me apraz..
Ah! também adoro rodar o baleiro
Que ainda há num armazém por aqui
Como se fosse uma roleta doce,
Mas, previsível.

Jun.2017