sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Carlos Drummond de Andrade - Dia D



Drummond

Ah! Caro amigo e poeta
Que tive a desonra de não ter conhecido, de  fato, carne e osso.
Mesmo assim, pulsas quando folheio
Em  busca de inspiração e deleite, a tua fonte inesgotável.
Não me importo  se estou a  cortejá-lo com o chapéu alheio, o teu próprio.
Mas espero que me perdoe, a minha petulância poética
A minha gramática ainda falha e a minha inspiração talvez pouca.
Também nasci no mato. A serra do mar me embalou.
E nesses “noves fora e mato  dentro”
Ousei-te um presentinho, pra festejar teu natalício!


Divagando

Naqueles bares, às mesinhas de mármore
As pessoas se sentavam
E ficavam horas e horas
Cavaqueando sobre isso e aquilo.

Nas velhas xícaras  do café
Espumoso e cheiroso
Ou no colarinho do chope gelado,
Poemas se revelavam.

Eram rabiscos entre petiscos,
Nos papéis enfarelados
De pães  adormecidos,
Entre moscas zumbideiras.

Porém, o tempo em Itabira
É  lento, mas não pára.
E o mundo rola, rola mundo!

Sua mineirice ganhou a cidade.
A cidade grande.
Seus poemas ganharam o mundo!


Parabéns para sempre, Drummond.


*Em 31 de outubro de 1902, nascia em Itabira do Mato Dentro, interior de Minas Gerais, o grande poeta Carlos Drummond de Andrade.


José Alberto Lopes.
out. 2011


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Haibun- O Achado



Haibun


O achado

Naquela tarde eu jogava de goleiro. 
Foi uma bola espichada que passou raspando a minha trave e caiu num capinzal.
Procurei, procurei, e nada de achar a bola. Porém, acabei tropeçando numa enorme abóbora.
Ignorei a bola diante de tal troféu. Para mim, o jogo terminara. De certa forma, me atraquei com o pesado vegetal,  e rumei para casa carregando-o às costas feliz da vida.
 Cubatão- SP.1965

*Haicai

Procurando a bola-
Abóbora de pescoço
Que ninguém plantou.


 Ilustração do próprio autor.
*Obs. O haicai acima é de autoria de JALopes. Porém,  um Haicai com as mesmas características e  publicado há mais tempo, encontrei na internet e é de autoria de Teruko Oda. e assim diz.:.


Procurando a bola-
as flores da aboboreira
que ninguém plantou.


 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O mestre Saci





Em 2005 foi instituído o dia do Saci no Brasil, que se comemora no dia 31 de outubro a fim de restaurar as figuras do nosso folclore, em contraposição ao Halloweem.
       Confesso que em minhas andanças, certa feita vi um Saci. Esse, morava no oco de um bambu. Um dia ainda conto a história, preciso antes pedir permissão a ele.... rsrsr.  Um dos motivos pela qual quase já não se avista um hoje em dia é a devastação das florestas, habitat dessas incríveis criaturas.
        E em comemoração ao dia do Saci, eis aqui  uma prosa poética.

O mestre  Saci

Se a noite vai alta
não dê nenhum pio!
porque no assovio
lá vem o peralta.
Só quer é brincar,
fazer muita troça,
vivendo na roça
adora agitar!
O sal ficou doce?
o leite entornou?
o fogo apagou?
loucura ele trouxe?
.........
Passou por aqui
fumando o seu pito
batendo  o cambito,
o “mestre Saci”

José Alberto Lopes®
Out. 2010

O mestre Saci




Em 2005 foi instituído o dia do Saci no Brasil, que se comemora no dia 31 de outubro a fim de restaurar as figuras do nosso folclore, em contraposição ao Halloweem.
       Confesso que já vi um Saci, um dia ainda conto a história, preciso antes pedir permissão a ele.... rsrsr.  Um dos motivos pela qual quase já não se avista um hoje em dia, é a devastação das florestas, habitat dessas incríveis criaturas.
        E em comemoração ao dia do Saci, eis aqui  uma prosa poética.

O mestre  Saci
Se a noite vai alta
não dê nenhum pio!
porque no assovio
lá vem o peralta.
Só quer é brincar,
fazer muita troça,
vivendo na roça
adora agitar!
O sal ficou doce?
o leite entornou?
o fogo apagou?
loucura ele trouxe?
.........
Passou por aqui
fumando o seu pito
batendo  o cambito,
o “mestre Saci”


José Alberto Lopes®
Out. 2010

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Jataí.



Certa vez, localizei na fenda de um velho muro, um ninho  de  uma pequena melífera desprovida de ferrão, chamada Jataí.
Capturei-a e  a coloquei numa caixa previamente  construída fixando-a num mourão lá no fundo do quintal. Dava gosto vê-las trabalhando.
Como não possuem ferrão, a única defesa para a sua prole, é uma espécie de betume bem pegajoso que elas colocam bem na entrada da colméia, caso aconteçam ataques de formigas, vespas etc..
Notei  que cada função era dividida em grupos bem definidos. Desde as faxineiras, as pajens, os guardiões e  as que transitam  num ir e vir pelos campos.
À noitinha,  os guardiões fecham  o único orifício existente, com esse mesmo betume e cera, e abrem logo que a manhã  apresente  temperatura  propícia. Aí, reiniciam a nova lida.
Porém,  numa tarde quando regressei  do trabalho,  tive uma triste constatação.
Verifiquei que a  colméia estava vazia, abandonada. Tudo permanecera intacto. Os potinhos de cera com o finíssimo mel e pólen...


Jataí

Jataí, mel fino e raro,
Deixaste um gosto amaro
Quando apartaste de mim.
Inda te vejo entre as flores
Pequeninas, multicores
Que crescem no meu jardim.


Deixaste vazia a casa
Ao bateres  tuas asas
Meu inseto alfenim.
Até o doce do teu mel
Ficou amargo como fel,
Naquele favo-capim!


José Alberto Lopes.
25/08/2005

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Praça Giovani Breda - (SBC)




Praça Giovani Breda

Há um oásis no outeiro
Onde o ouro  da tardinha
Provoca mil ardentias,
Nas ramagens camarinhas.

Onde correm belos jovens
E caminham os idosos,
Brincam arfantes pequeninos,
Movendo-se tão graciosos.

Onde em bando, em revoada,
Buscam abrigo os pardais,
Mergulhando sobre as ramas
Como as ondas sobre um cais.

Minha praça me apetece,
Minha praça domingueira.
Aonde a lua faz pirraça
Entre as folhas da paineira.

Lá flutuam ágeis pipas
Lambendo as nuvens bordadas.
Tem formato de ciranda,
A minha praça tão amada.

Quer sobre a lousa fria
Desta ardósia lapidada,
Ou sobre o manto verdinho
Desta grama aparada.

Minha praça é  u’a moça
Que nunca, nunca envelhece.
É um velho moço a sorrir,
Uma criança que não cresce!



José Alberto Lopes.  SBC. - SP.
2003.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Haibun-IV



A primeira florada.

Um dia , alguém lá em casa comprou   jabuticabas. De algumas sementes, tomou meu velho pai e numa latinha as plantou.
Depois de algumas semanas o também velho tempo, revelou ali várias mudas viçosas que mais tarde no chão foram replantadas. E assim, o tempo passou.
Hoje, visitando o quintal  da casa de mamãe, tive uma grata surpresa. Sim, depois de 37 anos, aquela mesma  jabuticabeira se mostra carregada pela primeira vez.
Saí correndo e esfuziante, levando  para todos, as boas novas.


Haicai.

Grandes olhos negros-
essa jabuticabeira
Olhando  pra mim.



José Alberto Lopes.
Out. 05-2011


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Haicais da primavera


Enquanto descanso
Lentamente  a primavera
Chega de casaca.

Nuvens cor de chumbo,
Lufadas na  janela-
Ainda, céu de inverno.

Meados de setembro-
Dizem que é primavera,
Mas o inverno insiste.

Sol de primavera-
Até o homem tristonho
Esboça   um sorriso.


 
José Alberto Lopes.
Ilustração do autor.
out. 2011