quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Samba Americano


Samba Americano
(Série seriado de TV- I Parte)


Se eu pudesse entrar nas fitas
do cinema americano
e encontrar o velho Zorro
num rancho Californiano!
arreando o  belo Silver
para mais uma contenda,
e também o índio Tonto
descansando numa tenda!

No Forte Apache eu iria
reencontar o Rin-Tin-Tin,
que maravilha de cachorro
fala inglês e até Latim. (aum aum)
Com patente de tenente
e um jeito de moleque,
o antigo Cabo Rusty
assistindo a Star Trek!

Encontrar o Flash Gordo...n
dentro de um SPA, morando.
Ele quer voltar à forma
para prosseguir filmando.
Mongo e Ming estão extintos,
foi um tiro de bazuca.
Quer filmar fatos da vida,
tipo, água com açúcar!

Ver o Papai Sabe Tudo
sempre com seus bons conselhos
e os Lanceiros de Bengala,
sempre fiéis aos estrangeiros.
Encontrar  o Jim das Selvas
Junto co'a macaca Tamba,
mostrando que na floresta
quem não for malandro, samba!

O Tarzan e a bela Jane
no alto de uma galhada.
E a Chita num cipó
se acabando em gargalhada.
Bat Masterson de preto,
aposentou-se da batalha.
Só não deixa o velho Poker
e também sua bengala.

Montando o seu velho Trigger
O Roy Rogers na fazenda.
Hoje só cuida do gado,
morando  numa vivenda!
Só do Homem Invisível,
não há muito o que dizer.
Vive só pregando peças
e  não quer aparecer!

Faço aqui a minha pausa
para os comerciais.
Os reclames de outrora
hoje não se veem mais.
Se os Yankees  me pegarem
grito logo por socorro!
Se eu tiver  que pagar Royalties
to no mato sem cachorro!


De José Alberto Lopes.
27/08/2014

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Greta Sydow





(Foto/Greta. Internet.)


       Vou relatar  aqui brevemente como conheci Greta Sydow. Breve também foi o nosso encontro. Depois trocamos telefone, conversamos algumas vezes. Todavia, ela foi sumindo, sumindo, como neve ao sol e ai  nunca mais soube dela. Parece ter se retirado de cena, seria sídrome  de Garbo? Não saberia dizer. Mas o quanto durou,  deixou marcas para sempre.

       Fiquei deslumbrado quando a vi pela primeira vez. Foi no salão principal de um famoso hotel, onde se confraternizavam poetas e romancistas, na bienal internacional de literatura de Estocolmo.
       Estocolmo dos parques, bosques. Das 14 ilhas principais e suas  pontes, entre outras belezas naturais e as criadas pelo homem.
       Greta estava só à mesa preocupada com as pedras de gelo no seu uísque. Um homem bem  alinhado e maduro, aproximou-se  dela e insistiu em alguma coisa. Ela, prontamente o recusou e ele  afastou-se.
       Eu havia solicitado ao garçom  uma tônica e assim que me  serviu caminhei disfarçadamente para onde se encontrava aquela mulher encantadora.
       Fiz-me notar sutilmente, diferente da abordagem que  assistira a pouco! Arrisquei um olhar e para a minha surpresa, ela  também. Realmente tratava-se de uma mulher que marcava pela sua presença. Magra, alta, olhos esmeraldinos e carregava  no cenho um quê de mistério.
       Disse-lhe um oi meneando a cabeça. Ela retribuiu com um suave sorriso. Fomos nos apresentando.
       Sueca da cidade de  Malmo, era tradutora e trabalhava para uma renomada revista do país. Se surpreendeu quando eu disse  que era brasileiro. Da mesma forma, me surpreendi quando ela  disse  que recentemente havia estado  no  Brasil, e conhecera  o  Rio de Janeiro e São Paulo.
       Confesso  que  o meu espanhol não chegava aos  pés do espanhol de Greta, mas,  foi o suficiente para nos entendermos  muito bem.

       _ Alguma obra  aqui exposta? Perguntou fotografando-me com os olhos.
       _ Não! Quem sabe numa próxima oportunidade, respondi meio sem jeito.
       Disse  que  viera à Suécia como representante  de uma associação literária da língua portuguesa e espanhola que fora agraciada com  uma menção honrosa!......
       Agora, na mesma mesa, acontecia  o encontro  do uísque com a tônica, de um Europeu e um Latino.

       Naquela noite nos despedimos, sem que  na verdade eu  quisesse  fazê-lo, mas logo  de manhã corri para vê-la. Pelos enormes vidros um tanto embaçados do salão, pude ver Greta à mesa fazendo o seu desejum. Convidou-me para sentar junto  à ela.
       Depois do café, resolvemos sair um pouco, iria  conhecer a cidade, tendo como cicerone, aquela  mulher maravilhos! 
       Calçamos nossas luvas e colocamos nossos pesados casacos e saímos.
       Havia  caído um pouco de neve naquela manhã, mas, nada que impedisse a nossa caminhada.        Foi a primeira vez que vi a neve! Com isso, juntaram-se dois prazeres; pisar  a neve e ter a companhia de Greta. Claro que a neve ficara em segundo plano!
       O parque estava deserto. Propôs então que fôssemos até um chalé próximo a um lago, que  ficava não longe dalí.
       Desde a noite passada sentia uma louca atração por  aquela linda, gentil e inteligente mulher.      Na verdade estava apaixonado por  ela.
       Caminhamos lado a lado sem nos  tocarmos. Mas, a vontade era beijá-la, amá-la ali mesmo sobre a neve fofa. Eu bem que tentei, mas ela  me negou três vezes.. Relutava..Na verdade continuamos como duas linhas paralelas.
       Conversamos sobre muitas  coisas, inclusive, sobre alguns mestres da litaratura universal e isso  fez  o caminho ficar mais curto. Chegamos. Então a toquei pela primeira vez, sendo  que  nessa  hora, aceitou mansamente. Toquei seu ombro, depois peguei sua mão enluvada. A minha  ansiedade aumentara. O quê nos aguardaria?
       Prosseguimos de mãos dadas até a porta. Entramos.
       Ela subiu e pediu que  eu esperasse uns minutos. Ah! Aqueles minutos de espera pareciam para mim mais longos do que o trajeto que fizemos desde o hotel.
       Chamou-me pelo nome: __Roberto, Venha, venha! 
       Subi. No quarto com iluminação baixa, uma lareira crepitava. Numa cama grande e  alta estava ela, seminua. Corpo esguio e alvo como a neve! esparramada....
       Agora não havia mais muitos  passos a percorrer. Nem a neve fofa cansando nossos   tornozelos.
       Finalmente as paralelas se cruzariam de fato.Três passos e me atirei sedento sobre aquele oásis. Num abraço sufocante nos beijamos. O tempo agora parecia  correr demasiadamente, assim como o sangue em nossas veias.

       No silêncio da neve que voltara a cair, Greta e eu, éramos  um só corpo e um só sentido.



    
Conto de JAL.
17/08/2014