domingo, 23 de dezembro de 2012

Os Quatro Reis

*
A
LUZ
AZUL
GUIOU
OS TRES
QUE ERAM
TODOS REIS
E ERAM MAGOS
E O QUE LEVAVAM
ERA INCENSO, MIRRA
E OURO TRAZIAM BAGOS
EM SEUS CAMELOS ,TRES
ERAM TRES REIS MONTADOS.
PUSERAM-SE ENTÃO A CAMINHAR
E ERAM ELES : BALTAZAR MELCHIOR
E BEM LOGO À FRENTE IA O REI GASPAR.
ERAM REIS DE UM REMOTO LUGAR PEQUENO
VISITANDO O REI DOS REIS O MENINO NAZARENO.
JS
EU
SS
UE
SJ
FELIZ NATAL
NATAL FELIZ


José Alberto Lopes ® 22/12/2005

sábado, 15 de setembro de 2012

No Umbral




No umbral
Um homem contrito
Pervagava pela quase escuridão.
Procurava a Jesus.
Perseguido por espectros demoníacos
Viu num outeiro, uma luz frouxa.
Investiu contra ela
E atravessou mármores e granitos
Como se eles fossem feitos de fumaça.
Deu numa cripta.
Flutuou sobre jazigos riquíssimos, muitos
Quando deu de frente com Jesus.
Porém, este  nada pode fazer para ajudá-lo.
Ainda estava preso numa cruz, de pedra
E sangrava muito.


José Alberto Lopes®
Set. 15/2012

Poética- (Dorme)


I

Dorme o pastor
E as ovelhas,
Espreita o lobo ávido.
Dormem; pastores e ovelhas..
Menos lobo e poeta.

II

Dorme o dia
Na esteira da noite
Dorme a ponte solitária,
Dormem todos.
Menos a solidão
Das crisálidas
E a solidão do poeta.

III

Dorme o cantor,
Descansa a sua lira.
Descansa sobre o papel
A tinta do poeta
E acorda poesia.


José Alberto lopes®
set. 15/2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ode aos Poetas

Ode aos Poetas.
(Mateus capítulo-5, versículos...)



Bem aventurados pois,
Aqueles que escrevem
Edificando o bem
Sem se preocupar
Com os galardões do mundo.
Bem aventurados aqueles
Que têm sede de justiça
E não se fanam em usar como arma
A sua única ferramenta provável,
A palavra!

Exultai e alegrai-vos
Porque vós o! Poetas,
Porque vós sois
Como o sal da terra!
Porém, se o sal for insípido,
Como se há de salgar?
[para nada mais serve, senão
Para se lançar fora
E ser pisado pelos homens]

O! Caríssimos poetas.
Vós sois como a luz do mundo!
Porém, não se acende a candeia
E se coloca debaixo do alqueire,
Mas, no velador para que todos
Usufruam da sua luz.
[assim resplandeça a vossa luz
Para que a vejam]

Porque, sois vós  o! Poetas,
A luz que ilumina o pensamento,
Que rompe as trevas...
Porque sois vós o! Poetas
O sal que tempera  o nosso dia a dia!




José Alberto Lopes®
07 de setembro de 2012

terça-feira, 19 de junho de 2012

Ode a uma Ferradura






Esteve ali à mercê do tempo,
semi-sepultada, não morta.
Um ômega carcomido e solitário,
  apartado dos seus
e do verdadeiro destino,
como âncora sem navio.

Deixando coxear
uma cavalgadura,
ficou ali esquecida.
Somente  um cravo
a acompanhara,
já desfigurado e inútil
como a chuva tardia.

Um homem tirou-a da terra,
jogou-a em seu alforje
e seguiu caminho!
Por um momento ela acreditou
que um ferreiro  a devolveria
 à labuta.
Sonhou que ouvia novamente
o tropel sobre as pedras,
arrancando delas
o sangue faiscoso.
E sobre a secura do chão
levantando a  poeira!

Singrou várias léguas,
não tocava o chão.
Ia machucada de ferrugem
soltando pó de sangue e terra.
Não sentia o arrocho dum casco,
nem a companhia das outras...
Não levava, era levada!

Não  servirá a mais nenhuma cavalgada.
veio para dormir o sono dos justos!
Tudo ficou para trás.
Hoje repousa na minha velha porta
junto a uma antiga aldrava
de semelhante forma.

Oh! Essa pequena lira
de sons outrora troantes.
Tive sorte ao encontrá-la!
A inspiração escassa,
as palavras já não vinham...
Dizem que um poeta  morre
se não escreve mais.
Tive sorte ao encontrá-la,
e  me basta essa sorte!



José Alberto Lopes ®
18/06/2012

sexta-feira, 15 de junho de 2012

segunda-feira, 11 de junho de 2012

ODE AO VELHO FÍCUS

(Foto internete)

Ode  ao velho Fícus

O velho Fícus
Perdido  no tempo
E o tempo
Consumindo-se
Feito incenso queimando.
Os artelhos da árvore
Cada vez mais grotescos
Tomavam o terreno
Como celtas errantes.
Seus galhos torcidos
Pelo tempo inclemente
Sustentavam outros tantos,
Mais tenros, mais nobres
Onde repousavam
Suas folhas fidalgas,
Brilhantes e cerosas
 Como os olhos  da jia.
Ah! os ninhos perenes das rolas.
Os pardais, fim de tarde.
Cigarras vivendo,
Cigarras morrendo
Nesse universo verdoso
De seio impenetrável
Ao sol e a chuva!

Oh! Ramas camarinhas.
Teu signo, teus anos,
Quem  se importa?
Que mãos te agasalharam com a terra
Para que chegaste até aqui?
Benditas mãos!

Teu colo marcado
A canivete.
 Nomes, corações, juras..
Tua sombra feminil,
Refrescante e cheirosa
Onde  paravam os andantes,
Cansados, como a mendigar
O teu ar!
São provas  inefáveis
Da tua existência...
Ah! confessionário das paixões.
Ouvidora dos queixumes
Dos pássaros, insetos, vento, chuva..
Seria uma rua onde havia uma árvore?
Ou uma árvore onde havia uma rua?

Mas um dia, sem prévio aviso
Vieram...........
Ninguém protestou,
Ninguém que se saiba!
Vieram ruidosos
Vestidos de verde.
Nem claro, nem escuro!
Diria: um verde irônico.
Chegaram no frescor da manhã;
O hálito das folhas ainda serpeava no ar.

A serra rosnou, rosnou!
Mostrou seus dentes afiados, travados.
Depois, imitando o canto da cigarra
Ela em desatino cantou.
Foi um canto triste.
Um Invernal canto!


Porque cortaram  um velho Fícus perto de casa- Bairro Assunção - SBC. SP.
O homem quando morre, colocam-no sob a terra, e a árvore, tiram-na da terra para morrer!

06/06/2012
José Alberto Lopes®

O RELÓGIO

Quadro de Salvador Dalí.



O relógio

Tic tac, tic tac...
No silêncio das moscas
Um pulsar incessante
Do solitário e nômade
Relógio de corda.
De dia, na cristaleira
Na companhia dos pratos.
À noite, na cabeceira
Entre copos e remédios.
A  carcaça perdera a cor.
Talvez verde ou turquesa.
 Seu  dial desbotado
Como foto antiga
E visor  embaçado,
Marcado,míope.
Mas ainda era forte
No seu tic tac, tic tac...

No repique matinal,
Sempre  um braço sonolento
Esticava-lhe uma mão
De censura.

Oh! artefato de medir o tempo.
cujos passos incontáveis dos segundos
conduzem nossas
existências; início e fim!

Mas o tempo e a poeira,
Irmãos bivitelinos
Com suas mãos de camurça
Sempre  com suas troças...

Começara a falhar.
- Que horas são?
Perguntavam
Olhando-o com desprezo.
Já não tinha mais crédito.
Andava ofegante,
Aos trancos.
Nem lubrificantes,
Limpeza torácica,
Ajuste da âncora
Deram mais jeito!
E assim continuou;
Tic.............tac

Num dia de outono
De céu carregado
De vento soprando
As coisas no chão.
Um pau de vassoura
Que ia e vinha
Golpeou sem querer
O velho maluco!
Caiu lá de cima
Como cai uma estrela,
No chão da cozinha
E espatifou-se.
A campana gemeu
Derradeiro suspiro,
Foi curto, abafado.
Depois, o silêncio.
Em cacos miúdos,
O visor  embaçado
E as vísceras soltas,
Entornadas no chão.

Baixou a criada
De unhas vermelhas
Largou da vassoura
E  pôs-se  a colher.
Nervosa e pálida,
Com muita pressa
Parecia recolher
Cada segundo
Que o velho relógio
Já havia marcado.




José Alberto Lopes
06 de junho de 2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

ODE A HERMÓGENES



Ode  a Hermógenes


Que alma é essa
Que traz  sons divinos
Cheio de arpejos e cores
Sorrindo leve à brisa?
Será que veio  de uma flor
De única e rara semente
Vestida de corpo
Essa alma será?
Donde vem essa alma
Que o salmista cantou
Que a tristeza desbota
E dá mais cor à alegria?
Vem talvez lá de longe
Onde vivem os moinhos,
Donde a lua  ganha prata
 E dá ouro aos poetas?
Que alma ditosa é essa
Que é lírio, que é rosa,
Que afaga, que chora, que ri
E exalta a esperança?
Será de gente essa alma
Ou de um frágil colibri
Que insiste sobre os espinhos
Não desistindo da flor?
Donde vem essa alma
Que ensina saúde
Que acalma a s procelas
Aqui dentro de nós?
Vem talvez lá do mar
Posto que o mar é incessante,
Ou das nômades dunas,
Posto que são mansas,
Sábias e pacientes!
Que alma é essa
Despojada de vaidades
Que suprime a dor sua
Pra sentir a do amigo?
Existirá outra como essa,
Debutante a cada olhar?
Alma assim vestida em corpo
Nesse corpo a palpitar?

Dr.  José Hermógenes de Andrade.
Escritor. Ex- professor de Filosofia e História do Brasil, além  de ser um dos maiores representantes da Yoga no ocidente.

( A rosa é suprema delicadeza, mas tem espinhos para se defender)


José Alberto Lopes.-12/03/2005

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Acróstico para Lobato

Já vai longe, foi num tempo
Onde os bichos conversavam
Só quem curtia a infância
Entendia o que falavam.
Boneca de pano e retrós
Era assim como um Lobato
Não tinha papas na língua
Tinha os olhos de rapina
Olho no peixe, olho no gato.
Memórias de dona Emília
O saci e a dona Benta
No sítio do pica-pau
Tia Anastácia sempre atenta.
Entravam e saiam da casa
Idéias e muita prosa
Reinações de Narizinho
O Visconde’Sabugosa.
Longe vão as águas claras
Os frutos sobre o capim
Bate o bolo dona Benta!
Aquele de coco e de aipim.
Tempo de Pedrinho, Rabicó e
O pó de pirlimpimpim.

             FIM

(José Bento Monteiro Lobato- Dentre muitas virtudes, foi também o precursor da literatura infantil no Brasil. Hoje, 18 de abril de 2012, comemora-se o seu 130º ano de nascimento)


Foto internete.
Autor José Alberto lopes.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Questão de ética


O seu pai era político
E sua mãe era doméstica.
Ela era filha única
E gostava da Ayurvédica.

O seu nome era Verônica,
Era simples e hermética.
Tinha uma voz metálica,
Era alta e esquelética.

Foi um dia filha pródiga.
Faltava-lhe o osso cúbito.
De gaveta eram suas nádegas,
Mas seu sexo era cúpido.

Casou-se com um homem lúgubre
Que tomava ansiolíticos.
Que era  gago e epilético,
Que só tinha um testículo.

Na frente de um padre bêbado,
No altar da igreja Gótica,
Celebraram a paz num ósculo
De uma forma bem erótica!

Foi então que o padre etílico,
Fez o ato mais patético.
Beijou a boca do cônjuge,
Que era gago e epilético!

Vendo cena tão insólita,
A noiva que  era mórbida,
Partiu pra cima do pároco
E  apertou suas carótidas.

E com o passo meio trôpego
O padre com voz silábica,
Sai de cena feito um bólide
Pra tomar mais uma Vodka.

E a platéia espasmódica
A fingir não ver escândalo,
Só olhava para a abóbada
Da igreja de Santo Ângelo.

Eu não sou poeta  sádico,
Sou apenas um  satírico.
Mas  não quero ser hipócrita,
E brincar com um fato atípico!

Essa história é verídica.
Não é invenção poética.
Discorri de forma límpida
Conservando toda a estética.

Como eu disse é verídica.
Não é invenção poética
Mas eu não contei  na íntegra,
Por uma questão de ética!


SBC-SP-José Alberto Lopes.
11/10/2006

Soneto para um livro






Ao livro que ganhei do Poeta e amigo Avaniel: “Flor de Alfazema



No meu jardim há uma flor a mais,
que desabrocha sempre que se quer.
É azulada e tem nome de mulher,
trazendo versos em seus aromais.

É pouco afeita às brumas da matina,
adora o alpendre do meu descansar,
e no vão dos meus braços sempre estar,
penso e à guisa da minha retina.

Excita-me cada folha sedosa,
que visito eu, “pássaro leitor”
nesses versos que tomei como tema.

É esta flor evocação radiosa,
brochura simples de raro valor,
como o perfume da “flor de alfazema”


José Alberto Lopes-08/11/2007

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Ah quem me dera!

 
 
 
Ah, quem me dera!
Cruzar teu caminho,
Alinhar-me  contigo
Como Vênus e Marte!

Ah, quem me dera!
Ser o chão da tua rua,
Cada seixo colorido,
 pisado por ti.

Receber teu sorriso
Dizendo que sim!
Tuas mãos de louça
Levando-me daqui.

Ah, quem me dera!
Teus lábios de rosa,
Teu colo de penas,
Apenas nós dois...
JOSÉ ALBERTO LOPES

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Tanka VII

Tanka VII

Noite de verão-
Escancarada a janela
Entram os insetos...
          Mas, também a brisa leve,
          Sutil perfume e o luar.


José Alberto Lopes®

Tanka VI

Tanka VI

Em plena São João
Sobre um salto-plataforma-
Prostituta treme
          Tendo o rosto fustigado
          Pelo vento frio da noite.


José Alberto Lopes®

Tanka V

Tanka V

Cruzando o canal
Segue lento o Ferry-Boat-
Meu amor  me espera.
          Antes de a barca atracar
          Já estou nos  braços dela.


José Alberto Lopes®
2011

Tanka IV

Tanka IV

Janela do trem-
A aldeia ficou pra trás
Meu amor também.
          Mas, duas coisas me seguem.
          Essa lua e os olhos dela.

José Alberto Lopes®
2011

Tanka III

Tanka III

Chuva na roseira-
A flor tirada na véspera
Murcha num vasinho.
          A outra que lá ficou
          Parece chorar  baixinho.

Out. 2011
José Alberto Lopes®