segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Greta Sydow





(Foto/Greta. Internet.)


       Vou relatar  aqui brevemente como conheci Greta Sydow. Breve também foi o nosso encontro. Depois trocamos telefone, conversamos algumas vezes. Todavia, ela foi sumindo, sumindo, como neve ao sol e ai  nunca mais soube dela. Parece ter se retirado de cena, seria sídrome  de Garbo? Não saberia dizer. Mas o quanto durou,  deixou marcas para sempre.

       Fiquei deslumbrado quando a vi pela primeira vez. Foi no salão principal de um famoso hotel, onde se confraternizavam poetas e romancistas, na bienal internacional de literatura de Estocolmo.
       Estocolmo dos parques, bosques. Das 14 ilhas principais e suas  pontes, entre outras belezas naturais e as criadas pelo homem.
       Greta estava só à mesa preocupada com as pedras de gelo no seu uísque. Um homem bem  alinhado e maduro, aproximou-se  dela e insistiu em alguma coisa. Ela, prontamente o recusou e ele  afastou-se.
       Eu havia solicitado ao garçom  uma tônica e assim que me  serviu caminhei disfarçadamente para onde se encontrava aquela mulher encantadora.
       Fiz-me notar sutilmente, diferente da abordagem que  assistira a pouco! Arrisquei um olhar e para a minha surpresa, ela  também. Realmente tratava-se de uma mulher que marcava pela sua presença. Magra, alta, olhos esmeraldinos e carregava  no cenho um quê de mistério.
       Disse-lhe um oi meneando a cabeça. Ela retribuiu com um suave sorriso. Fomos nos apresentando.
       Sueca da cidade de  Malmo, era tradutora e trabalhava para uma renomada revista do país. Se surpreendeu quando eu disse  que era brasileiro. Da mesma forma, me surpreendi quando ela  disse  que recentemente havia estado  no  Brasil, e conhecera  o  Rio de Janeiro e São Paulo.
       Confesso  que  o meu espanhol não chegava aos  pés do espanhol de Greta, mas,  foi o suficiente para nos entendermos  muito bem.

       _ Alguma obra  aqui exposta? Perguntou fotografando-me com os olhos.
       _ Não! Quem sabe numa próxima oportunidade, respondi meio sem jeito.
       Disse  que  viera à Suécia como representante  de uma associação literária da língua portuguesa e espanhola que fora agraciada com  uma menção honrosa!......
       Agora, na mesma mesa, acontecia  o encontro  do uísque com a tônica, de um Europeu e um Latino.

       Naquela noite nos despedimos, sem que  na verdade eu  quisesse  fazê-lo, mas logo  de manhã corri para vê-la. Pelos enormes vidros um tanto embaçados do salão, pude ver Greta à mesa fazendo o seu desejum. Convidou-me para sentar junto  à ela.
       Depois do café, resolvemos sair um pouco, iria  conhecer a cidade, tendo como cicerone, aquela  mulher maravilhos! 
       Calçamos nossas luvas e colocamos nossos pesados casacos e saímos.
       Havia  caído um pouco de neve naquela manhã, mas, nada que impedisse a nossa caminhada.        Foi a primeira vez que vi a neve! Com isso, juntaram-se dois prazeres; pisar  a neve e ter a companhia de Greta. Claro que a neve ficara em segundo plano!
       O parque estava deserto. Propôs então que fôssemos até um chalé próximo a um lago, que  ficava não longe dalí.
       Desde a noite passada sentia uma louca atração por  aquela linda, gentil e inteligente mulher.      Na verdade estava apaixonado por  ela.
       Caminhamos lado a lado sem nos  tocarmos. Mas, a vontade era beijá-la, amá-la ali mesmo sobre a neve fofa. Eu bem que tentei, mas ela  me negou três vezes.. Relutava..Na verdade continuamos como duas linhas paralelas.
       Conversamos sobre muitas  coisas, inclusive, sobre alguns mestres da litaratura universal e isso  fez  o caminho ficar mais curto. Chegamos. Então a toquei pela primeira vez, sendo  que  nessa  hora, aceitou mansamente. Toquei seu ombro, depois peguei sua mão enluvada. A minha  ansiedade aumentara. O quê nos aguardaria?
       Prosseguimos de mãos dadas até a porta. Entramos.
       Ela subiu e pediu que  eu esperasse uns minutos. Ah! Aqueles minutos de espera pareciam para mim mais longos do que o trajeto que fizemos desde o hotel.
       Chamou-me pelo nome: __Roberto, Venha, venha! 
       Subi. No quarto com iluminação baixa, uma lareira crepitava. Numa cama grande e  alta estava ela, seminua. Corpo esguio e alvo como a neve! esparramada....
       Agora não havia mais muitos  passos a percorrer. Nem a neve fofa cansando nossos   tornozelos.
       Finalmente as paralelas se cruzariam de fato.Três passos e me atirei sedento sobre aquele oásis. Num abraço sufocante nos beijamos. O tempo agora parecia  correr demasiadamente, assim como o sangue em nossas veias.

       No silêncio da neve que voltara a cair, Greta e eu, éramos  um só corpo e um só sentido.



    
Conto de JAL.
17/08/2014





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