(Foto/Greta. Internet.)
Vou relatar aqui brevemente como conheci Greta Sydow. Breve também foi o nosso encontro. Depois trocamos telefone, conversamos algumas vezes. Todavia, ela foi sumindo, sumindo, como neve ao sol e ai nunca mais soube dela. Parece ter se retirado de cena, seria sídrome de Garbo? Não saberia dizer. Mas o quanto durou, deixou marcas para sempre.
Fiquei deslumbrado quando a vi pela primeira vez. Foi no salão principal de um famoso hotel, onde se confraternizavam poetas e romancistas, na bienal internacional de literatura de Estocolmo.
Estocolmo dos parques, bosques. Das 14 ilhas principais e suas pontes, entre outras belezas naturais e as criadas pelo homem.
Greta estava só à mesa preocupada com as pedras de gelo no seu uísque. Um homem bem alinhado e maduro, aproximou-se dela e insistiu em alguma coisa. Ela, prontamente o recusou e ele afastou-se.
Eu havia solicitado ao garçom uma tônica e assim que me serviu caminhei disfarçadamente para onde se encontrava aquela mulher encantadora.
Fiz-me notar sutilmente, diferente da abordagem que assistira a pouco! Arrisquei um olhar e para a minha surpresa, ela também. Realmente tratava-se de uma mulher que marcava pela sua presença. Magra, alta, olhos esmeraldinos e carregava no cenho um quê de mistério.
Disse-lhe um oi meneando a cabeça. Ela retribuiu com um suave sorriso. Fomos nos apresentando.
Sueca da cidade de Malmo, era tradutora e trabalhava para uma renomada revista do país. Se surpreendeu quando eu disse que era brasileiro. Da mesma forma, me surpreendi quando ela disse que recentemente havia estado no Brasil, e conhecera o Rio de Janeiro e São Paulo.
Confesso que o meu espanhol não chegava aos pés do espanhol de Greta, mas, foi o suficiente para nos entendermos muito bem.
_ Alguma obra aqui exposta? Perguntou fotografando-me com os olhos.
_ Não! Quem sabe numa próxima oportunidade, respondi meio sem jeito.
Disse que viera à Suécia como representante de uma associação literária da língua portuguesa e espanhola que fora agraciada com uma menção honrosa!......
Agora, na mesma mesa, acontecia o encontro do uísque com a tônica, de um Europeu e um Latino.
Naquela noite nos despedimos, sem que na verdade eu quisesse fazê-lo, mas logo de manhã corri para vê-la. Pelos enormes vidros um tanto embaçados do salão, pude ver Greta à mesa fazendo o seu desejum. Convidou-me para sentar junto à ela.
Depois do café, resolvemos sair um pouco, iria conhecer a cidade, tendo como cicerone, aquela mulher maravilhos!
Calçamos nossas luvas e colocamos nossos pesados casacos e saímos.
Havia caído um pouco de neve naquela manhã, mas, nada que impedisse a nossa caminhada. Foi a primeira vez que vi a neve! Com isso, juntaram-se dois prazeres; pisar a neve e ter a companhia de Greta. Claro que a neve ficara em segundo plano!
O parque estava deserto. Propôs então que fôssemos até um chalé próximo a um lago, que ficava não longe dalí.
Desde a noite passada sentia uma louca atração por aquela linda, gentil e inteligente mulher. Na verdade estava apaixonado por ela.
Caminhamos lado a lado sem nos tocarmos. Mas, a vontade era beijá-la, amá-la ali mesmo sobre a neve fofa. Eu bem que tentei, mas ela me negou três vezes.. Relutava..Na verdade continuamos como duas linhas paralelas.
Conversamos sobre muitas coisas, inclusive, sobre alguns mestres da litaratura universal e isso fez o caminho ficar mais curto. Chegamos. Então a toquei pela primeira vez, sendo que nessa hora, aceitou mansamente. Toquei seu ombro, depois peguei sua mão enluvada. A minha ansiedade aumentara. O quê nos aguardaria?
Prosseguimos de mãos dadas até a porta. Entramos.
Ela subiu e pediu que eu esperasse uns minutos. Ah! Aqueles minutos de espera pareciam para mim mais longos do que o trajeto que fizemos desde o hotel.
Chamou-me pelo nome: __Roberto, Venha, venha!
Subi. No quarto com iluminação baixa, uma lareira crepitava. Numa cama grande e alta estava ela, seminua. Corpo esguio e alvo como a neve! esparramada....
Agora não havia mais muitos passos a percorrer. Nem a neve fofa cansando nossos tornozelos.
Finalmente as paralelas se cruzariam de fato.Três passos e me atirei sedento sobre aquele oásis. Num abraço sufocante nos beijamos. O tempo agora parecia correr demasiadamente, assim como o sangue em nossas veias.
No silêncio da neve que voltara a cair, Greta e eu, éramos um só corpo e um só sentido.
Conto de JAL.
17/08/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário