Certa vez, localizei na fenda de um velho muro, um ninho de uma pequena melífera desprovida de ferrão, chamada Jataí.
Capturei-a e a coloquei numa caixa previamente construída fixando-a num mourão lá no fundo do quintal. Dava gosto vê-las trabalhando.
Como não possuem ferrão, a única defesa para a sua prole, é uma espécie de betume bem pegajoso que elas colocam bem na entrada da colméia, caso aconteçam ataques de formigas, vespas etc..
Notei que cada função era dividida em grupos bem definidos. Desde as faxineiras, as pajens, os guardiões e as que transitam num ir e vir pelos campos.
À noitinha, os guardiões fecham o único orifício existente, com esse mesmo betume e cera, e abrem logo que a manhã apresente temperatura propícia. Aí, reiniciam a nova lida.
Porém, numa tarde quando regressei do trabalho, tive uma triste constatação.
Verifiquei que a colméia estava vazia, abandonada. Tudo permanecera intacto. Os potinhos de cera com o finíssimo mel e pólen...
Jataí
Jataí, mel fino e raro,
Deixaste um gosto amaro
Quando apartaste de mim.
Inda te vejo entre as flores
Pequeninas, multicores
Que crescem no meu jardim.
Deixaste vazia a casa
Ao bateres tuas asas
Meu inseto alfenim.
Até o doce do teu mel
Ficou amargo como fel,
Naquele favo-capim!
José Alberto Lopes.
25/08/2005
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