sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Jataí.



Certa vez, localizei na fenda de um velho muro, um ninho  de  uma pequena melífera desprovida de ferrão, chamada Jataí.
Capturei-a e  a coloquei numa caixa previamente  construída fixando-a num mourão lá no fundo do quintal. Dava gosto vê-las trabalhando.
Como não possuem ferrão, a única defesa para a sua prole, é uma espécie de betume bem pegajoso que elas colocam bem na entrada da colméia, caso aconteçam ataques de formigas, vespas etc..
Notei  que cada função era dividida em grupos bem definidos. Desde as faxineiras, as pajens, os guardiões e  as que transitam  num ir e vir pelos campos.
À noitinha,  os guardiões fecham  o único orifício existente, com esse mesmo betume e cera, e abrem logo que a manhã  apresente  temperatura  propícia. Aí, reiniciam a nova lida.
Porém,  numa tarde quando regressei  do trabalho,  tive uma triste constatação.
Verifiquei que a  colméia estava vazia, abandonada. Tudo permanecera intacto. Os potinhos de cera com o finíssimo mel e pólen...


Jataí

Jataí, mel fino e raro,
Deixaste um gosto amaro
Quando apartaste de mim.
Inda te vejo entre as flores
Pequeninas, multicores
Que crescem no meu jardim.


Deixaste vazia a casa
Ao bateres  tuas asas
Meu inseto alfenim.
Até o doce do teu mel
Ficou amargo como fel,
Naquele favo-capim!


José Alberto Lopes.
25/08/2005

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