Agora te
vejo inteira, desnuda!
O noroeste
varreu a cerração.
O! Muralha
azulescente que beira o céu,
Que beija
as nuvens pervagantes.
Os automóveis
serpenteiam a tua arquitetura.
De dia, são carreiras de formigas,
À noite, são
graciosos pirilampos
Em chusmas
ordenadas cortando o breu.
O Atlântico
te espia saudoso e distante.
De lá vem
essa brisa solfejando coisas, segredos...
Como o mar,
também me afastei de ti.
Foi em
teus artelhos que nasci!
Talvez um dia,
quem sabe o mar retorne
Para afagar,
intensa e definitivamente
A tua
majestosa geografia!
Ah! Esse
penacho de fogo inconstante
Que fulgura
em teu contraforte,
É luz
votiva por certo velando por ti!
O! saudosa
e querida serra
Onde as
manhãs gorjeiam
Desde as
copas inalcançáveis
Até os abismos
recamados de flores.
És impávido
colosso, e eu apenas,
Frágil e
efêmero como as cigarras
Que vibram
as suas palhetas
Desde o
cariçuma de verão!
Por isso,
com a certeza de uma flecha Tupi,
Sei que
quando enfim eu tomar
A minha
estrada derradeira,
Tu ainda
permanecerás
Colossal,
exuberante e altaneira
Como se, a
união de pirâmides e catedrais,
Por eternos
e eternos séculos!
Teu clima
inconstante
É como a
minha alma!
O sol se
vai e a neblina
Arrebata-te
novamente.
Chegou como
sempre sorrateira
E vai
estendendo lentamente
A sua gaze
leve e úmida
Sobre a
tua pele de flúor e flores.
Sobre a
tua sinfonia de águas e ventos,
De insetos,
animais, aves e coisas do mato...
Parto!
Não como
um navegador
Que cruza
revoltos oceanos,
Ou o cosmo
desconhecido,o deserto...
Nenhuma odisseia
se avista! Não!
Apenas retorno
à minha outra serrania,
Feita de
aço e concreto,
Concretamente
ruidosa e exasperante!
Levo um
pouco do teu hálito.
Deixo-te
umas efêmeras lembranças,
Minhas pegadas...
Levo um pouco
da tua energia recriadora,
Muita saudade
e uma flor de manacá.
O mar
deixou em teus socavões
Pequenas conchas,
priscas eras...
Eu, num
suspiro deixo-te também
Humildes,
mas profundos afagos em versos,
Um poema frágil.....
Quem sabe
um dia, quem há de saber?
Zanzalá ecoe
em teus vales
E esse tom
de paz que encontro em ti
Possa finalmente
ser rizoma de lírio do brejo.
E seremos
todos; Tucas e Zéfiros.
E Schmidt
descerá então triunfante
Flutuando sobre
páginas de um livro em branco!
Nota:
Cariçuma = “O romper da manhã sobre a
serra, no dialeto das Rãs” (Afonso Schmidt)
José
Alberto Lopes.
15/04/2013-SBC.
SP
Vim conhecer o Blog ___ PARABÈNS!! Já estou seguindo. abçs,______LL
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