Num
dia vernal
Tu
passavas por mim.....
No
verão era bom ver teu sorriso.
No
outono despenquei-me a teus pés.
No
inverno agasalhei-me em teus braços.
Já
noutra primavera, éramos um campo de girassóis....
E
então, bastou o olhar de Van Ghog!
Quisera
descansar meus braços
Sobre
o teu corpo cansado
E
fazê-lo leve, leve...
Num
afago constante, alongado!
Até
que o meu cansaço
Envolva
o teu cansaço
Num
descansar de abraços!
Ah!
os teus cantares
Longínquos
devem estar.
O!
cigarra do eterno canto
Em
que salgueiro ou ciprestes, vives
Que
não vivo a ouvi-la cantar?
Na
gravidade do outono
As
folhas seguem um rito.:
Saltam
para o abismo da mata
E por uns instantes.... são borboletas....
A
procura de flores
Andei
jardins de ninguém.....
Mas
um dia a encontrei
E
era a mais bela entre as floristas,
Mais
bela que as flores que procurei!
Na
minha cumeeira
Andorinhas
vão se aninhando.
No
meu jardim medram lindíssimas flores.
À
tarde, enquanto chilreiam,
Colho
borboletas, um buquê.
São
belas e envolventes suas cores,
São
pétalas que voam
Que
entrego a você!
Quero que o tempo passe
Com rigor
Que passe depressa
pra logo eu ver o meu amor!
Depois,
quero que o tempo pare
pare tão somente
pra eu amá-la eternamente!
Ausência...
Eu não sentia a tua boca
Mesmo colado aos lábios teus.
Eu não sentia o teu corpo
Mesmo tendo-o sob o meu.
Apenas um gozo profundo...
E tu apenas gemidos fingidores.
Agora somos argila fria, muda.
Dois belos vasos sem flores!
O DOM DO PENSAR...
O dom do pensamento
é magia, é poder.
O dom do pensamento
é ave altaneira
e seu olhar e voo
são livres, livres...
O dom do meu pensamento
me leva até você.
Pois posso sentir
o vinho dos seus lábios
se derramando em meu cálice.
Antevejo suas mãos liriais
espalhando o bálsamo
sobre meu corpo.
Posso sentir o arrepio do calor
que ora invade a minha alma.
O dom do pensamento
não vê distâncias nem barreiras,
nem tempo, nem momento..
Principalmente
quando o meu pensamento..(desejo)
se apaixona por seu dom de mulher..
É o mesmo que olhar-se no espelho e não se vê.
Ah!! são tantas coisas...
É ouvir passos alheios subindo pela escada
e em vão imaginar que são os teus ...
Hoje amanheci sem graça, sem sol, sem brisa...sem nada!
Ouvi passos que não te traziam a mim.
Ouvi risos. _ Oh! quem dera fossem...
Somente o teu perfume ainda impregnado
naquela camisa amarrotada
ficou como o restolho do sorgo deixado no campo!
..........................
De A- 2019 / abril
Idílio-I
com teus lábios de rubi.
E com tu língua
acenda as estrelas cansadas
do céu da minha boca!
Só porque te vi novamente
meu coração acelerou-se
feito peito de colibri.
De A. - abril-2019
Ode à minha escrivaninha
Simples como eu,
antiga e marcada
como marcadas estão
minhas mãos e rosto!
É sobre ela que deito
meus papéis e livros
E ponho-me a escrever.
Quantas e quantas vezes
pestanejei sobre seu madeiro
nas solitárias madrugadas,
de silencio quase absoluto
em que teimosamente
esperava por ela, a inspiração!
Seu verniz gasto e já sem brilho,
É o mesmo que a minha pele
Flácida e opaca!
De pernas enfraquecidas
E sem prumo, como o meu caminhar!
Assim mesmo, está comigo
Já há muito tempo, minha escrivaninha
De madeiro escuro naquele cantinho claro
da minha sala de estar!
Até a sua pequena gaveta,
repleta de papéis;
versos mal acabados,
esquecidos, segredos...,
emperrada está, como a minha
própria memória!
Como se vê, somos iguais em quase tudo!
Poderia ter sido uma guitarra,
Um barco, uma cama ou uma janela.
Sim, e até uma escrivaninha!
Mas, por que escrivaninha?
A bem da verdade;
Tenho ali o som poético duma guitarra
O barco das minhas viagens imaginárias.
A cama das minhas paixões e desejos.
E a janela das minhas paisagens..
O que mais preciso eu
Se não dessa síntese...
Dessa escrivaninha
Antiga, de madeiro escuro
naquele cantinho claro
Da minha sala de estar?
Poema de Alberto L.
21/out. 2016
Gosto quando...
Serpente cega e louca,
Invade o céu da minha boca
E acende as minhas estrelas.
Quando a brisa da tua fala
Me invade suavemente
Com palavras indecentes
E me preparas para ti.
Gosto de sentir as tuas mãos
Entre meus vales e picos,
E quando paras nos bicos
E mamas meus desejos.
Gosto quando invades
O meu umbigo pequeno
Com volteios serenos
Provocando-me arrepios.
Gosto quando me assolapas,
Com tua maré voluptosa,
O meu delta cor-de-rosa
Num intenso preamar.....
AL-2010
Teu Odre
deliberadamente
quebrou-se o teu odre
e derramou em minha cava
ainda imaculada,
o teu vinho
imaculado e Nobre!
En el ir y venir constante,
deliberadamente
se rompió tu odre
y derramó en mi cava
inmaculada,
tu vino
¡Inmaculado y noble!
De AL -Trad. jun
Papel
e eu a tua pena,
escreveria em ti
profundo poema!!
(O milagre do vinho começa com a fé no trabalho do lavrador)
ALC out. 2016
embarcação
a uma embarcação:
Os olhos são o leme.
O peito é a quilha.
O coração, o que impulsiona.
À sua frente a vida,
o mar da travessia!
Há homens que se lançam ao mar
e homens que preferem
as amarras dum Cais!
Alberto L
out. 2016
A NOITE
Dos aromas e sons,
do movimento no cais.
Do mormaço, da brisa,
das mariposas insanas
girando, girando!
A chuva na noite
revelando suas pérolas.
As mulheres na noite
são sempre mais belas.
As luzes da cidade
parecem um braseiro
avivado pela viração noturna.
Ah! a noite com seus sortilégios,
seus mistérios...
Se a noite é uma criança
o dia é um velho cansado, exangue!
A noite é mesmo outro universo
onde o poeta uni versos e poetiza.
A noite livra-me da opressão,
dá vida, e sendo bela a vida
a noite é belíssima.
A noite é mãe do universo.
Na noite não há deuses,
anjos nem demônios a importunarem!
Por que eles também
gostam da noite!
Poema de Alberto Lopes
10 de outubro/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário