sexta-feira, 17 de maio de 2013

O trem daquele tempo.




 

Out. de 2012-11-12
José Alberto Lopes.

Era um vulcão que andava.
Andava ao som da marcha dos seus pistões.
Descia e subia a velha serra do mar
Esvoaçando a sua longa e negra cabeleira.
Lá embaixo, na terra dos Andradas,
Cidades iam medrando do pé da serra
Até onde o mar engolia o céu.
Manhãs prateadas de névoa e o ouro do sol
Aos poucos se impondo com seu brilho.
E era alimentando a fornalha que Faustino
Alimentava em casa, seis bocas .
A negra máquina era também a sua casa.
Lá iam vagões solitários
Seguros mais pelas mãos divinas
Que por seus cabos de aço.
Levavam pessoas indiferentes
Presas também a seus fios, pensando na vida
Ou não querendo pensar.
Talvez pelo fio do medo, o fio da vida.
Por um fio, o fio de cabelo, o cabelo do relógio
(O fio do tempo) de um tempo ido.
Era um vulcão que andava, andava  ao som
Da marcha dos seus pistões.
Hoje, um vulcão extinto!


2 comentários:

  1. Alberto, que precisão nas suas palavras! Tudo metaforicamente calculado e colocado.A M E I !

    Cida

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu minha cara amiga e profa. Feliz por seu comentário. Bjs..

      Excluir