sábado, 7 de setembro de 2019

O Infante


Era um Infante

Era um belo Infante
e muito falante,
usava um turbante
(cabelo abundante)

Que amava Cervantes,
Lorca, Colasanti...
também mui galante
e vivia o instante.

Tinha olhos brilhantes.
Moreno e grimpante,
brincava bastante
de pião no barbante.

Nasceu na minguante
mas ficou gigante,
cresceu, foi adiante
no jeito rompante.

Dançou exultante
co' uma debutante
no salão diamante,
uma valsa andante.

teve lá u'amante
de olhar penetrante
u'a bela estudante
cursando o Amarante.

Poeta vibrante
e recalcitrante,
de versos brilhantes,
direi; cintilantes.


Declamando versos:

"....Sou revel  bastante
contra os meliantes
que são negociantes
do Brasil gigante.
Levantai infantes
do berço tronante,
tomai o cetro antes,
que a aventura cante!"


Venceu com desplante,
foi bom estudante
na escola de Abrantes
tornou-se aspirante...

...o tempo é mandante,
veloz, galopante,
no dorso tronante
dum belo possante!

E beligerante
o mundo, num instante,
o fez comandante
na guerra aviltante!

...e os passo valsantes
com a debutante?
e o bejo ofegante
da bela estudante?

E o pião no barbante?
E os versos brilhantes?
e aquele turbante?
(cabelo abundante!)

Agora é flagrante.
São lacrimejantes
seus olhos brilhantes
e tenso o semblante!

Viu coisas de Dante...
inimigos que antes,
também foram infantes
morrerem adiante!

E num infausto instante
a Milícia errante,
pega, retumbante,
na tocaia, antes.

E o revel Infante
que era comandante,
tomba agonizante
num país distante!!


JAL. 2008







Nenhum comentário:

Postar um comentário